“A ciência transformou minha vida”, revela jovem vencedor do ‘Nobel da Água’
2024-11-09
Autor: Pedro
Desde muito jovem, um fascínio pelo funcionamento das coisas simples me moveu. Recordo-me de desmontar brinquedos, curioso para entender como cada peça contribuía para um todo. Minha jornada começou aos 6 anos, quando participei da minha primeira feira de ciências, e desde então, a investigação do mundo ao meu redor se tornou uma constante na minha vida. Eu era atraído por ideias que pareciam originais, mas logo percebi que precisava ir além da sala de aula. Havia momentos em que fazia perguntas e ouvia respostas superficiais dos professores, o que me levou a desenvolver meu próprio método de aprendizado, que se somou ao ensino tradicional. Essa busca solitária pelo conhecimento me fez mergulhar em detalhes, criando um prazer imenso pela descoberta e inovação.
Durante o ensino médio, um desafio maior me aguardava: as competições científicas. Minha estreia, desastrosa, resultou em um último lugar em uma feira fora da escola. Mas isso não me desanimou; ao contrário, trabalhei arduamente, passando noites em claro, a ponto de esquecer de me alimentar e chegando a perder 10 quilos. À medida que me aprofundava em pesquisas, minhas necessidades financeiras aumentavam, e logo percebi que custear meu aprendizado e minhas ideias seria um desafio. A compra de equipamentos como impressoras 3D e computadores avançados estava fora do alcance da minha família. Sem patrocínios de empresas ou apoio governamental, lancei mão da criatividade: vendi rifas e brownies para financiar meus projetos, enfrentando ainda maiores custos ao participar de torneios internacionais.
Um dos meus projetos mais ambiciosos foi o Rover Aquático, um barco acessível que monitora a qualidade da água de forma autônoma. Idealizado para comunidades ribeirinhas e povos indígenas, como os Yanomami, o Rover foi desenvolvido para ser facilmente utilizado, mesmo por quem não tem formação técnica. Esse invento realiza, sozinho, tarefas que normalmente exigiriam uma equipe de especialistas, contribuindo para a preservação ambiental e prevenção de desastres naturais. Após quase dois anos de trabalho, com oito versões até chegar ao protótipo final, ganhei cinco medalhas de ouro em feiras nacionais e decidi me inscrever no Prêmio Jovem da Água, em Estocolmo. Nunca antes alguém do Nordeste havia vencido essa etapa e representado o Brasil na Suécia, enfrentando os 40 melhores jovens cientistas do mundo.
Quando meu nome foi anunciado como vencedor, um sentimento de realização tomou conta de mim: “Valeu a pena cada esforço!”. Como parte das celebrações, tive a honra de jantar com a realeza sueca e recebi um diploma assinado pela comissão do Prêmio Nobel, o que me trouxe mais reconhecimento. Muitas pessoas me consideram talentoso, mas reconheço que minha verdadeira força é a dedicação e a paixão pela ciência, reforçadas pela influência positiva dos meus pais. Minha mãe, que trabalha como manicure, e meu pai, cobrador de ônibus, sempre enfatizaram a importância da educação como chave para um futuro melhor.
O próximo passo é buscar parcerias com instituições públicas e privadas para viabilizar a produção em larga escala do Rover Aquático, contribuindo efetivamente para a preservação ambiental. Tenho o sonho de cursar engenharia elétrica no exterior, onde poderei adquirir conhecimentos essenciais para meu desenvolvimento e pesquisa. Meu objetivo é voltar ao Brasil e compartilhar tudo que aprendi. Sinto um profundo apego ao meu Piauí e quero fazer a diferença aqui.