A disparada do dólar, que fechou em R$ 6,26, atingindo a maior cotação da história nesta quarta-feira, levanta preocupações sobre o futuro da economia brasileira, especialmente em 2025.

O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, explica que, embora a alta da moeda americana não tenha um impacto imediato sobre o rankeamento do Brasil entre as economias do mundo, sinaliza um cenário desafiador.

"O sentimento é de que a economia brasileira encolheu em dólares devido à desvalorização, mas isso não reflete a realidade. Há uma dificuldade em medir o tamanho das economias quando a moeda local se desvaloriza. O dólar PPP (Paridade de Poder de Compra) é uma ferramenta que ajusta essa distorção e permite uma análise mais precisa", afirma Gala, professor da FGV-SP.

Além disso, a alta do dólar pode resultar em um efeito inflacionário severo. O economista menciona que espera uma inflação próxima de 5% para o próximo ano, semelhante à deste ano, resultado direto da desvalorização da moeda brasileira.

"Uma onda inflacionária já está a caminho devido a essa situação", adverte Gala.

Outro ponto crítico é a resposta do Banco Central, que, segundo Gala, foi forçado a implementar um aumento brusco na taxa de juros, prevista para chegar a 15%. Essa medida é vista como necessária para conter a inflação, mas terá um efeito de desaceleração no crescimento econômico em 2024.

"Essas altas taxas de juros podem desestimular investimentos e consumo, prejudicando o crescimento do PIB", comenta.

Embora o governo tenha apresentado um pacote fiscal, Gala acredita que as medidas são insuficientes para estabilizar o dólar. Segundo ele, o governo perdeu tempo valioso, já que a resposta tardia a essa crise cambial agravará ainda mais a situação econômica.

"Precisamos de soluções rápidas e eficazes, caso contrário, o Brasil pode enfrentar dificuldades ainda maiores", conclui o economista.

Com a situação atual, a confiança do mercado está abalada e muitos brasileiros expressam desconfiança em investimentos como os de apostas, clamando por uma regulação governamental que traga maior segurança ao sistema financeiro.

A volatilidade recente das moedas também acendeu alertas sobre a necessidade de reformas profundas na economia para evitar impactos negativos de longo prazo.